sábado, 27 de fevereiro de 2010

Cultura Africana


Calendário Litúrgico Africano no Brasil

Abril
  • Feijoada de Ogum - qualquer dia do mês;
  • Festa de Oxóssi (associado a São Sebastião) - qualquer dia do mês.

Junho
  • Fogueiras de Xangô (associados a São João e São Pedro) - dias 25 e 29.

Agosto
  • Festa para Obaluaiê (associado a São Lázaro e São Roque) - qualquer dia do mês;
  • Festa de Oxumaré (associado a São Bartolomeu) - qualquer dia do mês.
Setembro
  • Águas de Oxalá - ciclo de festas que pode seguir até dezembro.
  • Festa de Erê - em homenagem aos espíritos infantis (associados a São Cosme e Damião);
  • Festa das Iabás (esposas de orixás) - qualquer dia do mês;
  • Festa de Xangô (associado a São Jerônimo) - qualquer dia do mês.

Dezembro
  • Festas das Iabás Iansã (associada a Santa Bárbara), dia 4;
  • Oxum e Iemanjá (associadas a Nossa Senhora da Conceição), dia 8;
  • Iemanjá - homenageada na passagem de ano.

Janeiro
  • Festa de Oxalá (coincide com a festa do Bonfim, em Salvador), no segundo domingo depois do dia de Reis, 6 de janeiro.

Período de Quaresma
O encerramento do ano litúrgico acontece durante os quarenta dias que antecedem a Páscoa, com o Lorogun, em homenagem a Oxalá.


Candomblé


O candomblé, com seus batuques e danças, é uma festa. Com suas divindades geniosas, é a religião afro-brasileira mais influente do país. Quem trouxe o candomblé para o Brasil foram os negros que vieram como escravos da África. Entre eles se destacavam dois grupos: os bantos (que vinham de regiões como o Congo, Angola e Moçambique) e os sudaneses, que vinham da Nigéria e do Benin (e que são os iorubas, ou nagôs, e os jejes).
Porém, a religião oficial no Brasil era o catolicismo, trazido pelos brancos, de origem portuguesa. O candomblé - culto africano que se tornou afro-brasileiro - era encarado como bruxaria. Por isso era proibido e sua prática reprimida pelas autoridades policiais. Assim, os negros passaram a cultuar suas divindades e seguir seus costumes religiosos secretamente. Para disfarçar, identificavam seus deuses com os santos da religião católica. Por exemplo, quando rezavam em sua língua para Santa Bárbara, estavam cultuando Iansã. Quando se dirigiam a Nossa Senhora da Conceição, estavam falando com Iemanjá.

Segundo a tradição, os deuses do candomblé têm origem nos ancestrais dos clãs africanos, divinizados há mais de 5 000 anos. Acredita-se que tenham sido homens e mulheres capazes de manipular as forças da natureza, ou que trouxeram para o grupo os conhecimentos básicos para a sobrevivência, como a caça, o plantio, o uso de ervas na cura de doenças e a fabricação de ferramentas.
Os orixás estão longe de se parecer com os santos cristãos. Ao contrário, as divindades do candomblé têm características muito humanas: são vaidosos, temperamentais, briguentos, fortes, maternais ou ciumentos. Enfim, têm personalidade própria. Cada traço da personalidade é associado a um elemento da natureza e da sua cultura: o fogo, o ar, a água, a terra, as florestas e os instrumentos de ferro.

Na África Ocidental, existem mais de 200 orixás. Mas, na vinda dos escravos para o Brasil, grande parte dessa tradição se perdeu. Hoje, o número de orixás conhecidos no país está reduzido a dezesseis. E, mesmo desse pequeno grupo, apenas doze são ainda cultuados: os outros quatro Obá, Logunedé, Ewa e Irôco raramente se manifestam nas festas e rituais.
O candomblé tem rituais muito bonitos, realizados ao ritmo de atabaques e cantos em idioma ioruba ou nagô, que variam conforme o orixá que está sendo cultuado. As cerimônias do candomblé são realizadas nos "terreiros" - que hoje são casas ou templos, mas expressam no nome suas origens: era em clareiras na mata que os escravos podiam expressar sua religiosidade. Os ritos são dirigidos por um pai-de-santo (que tem o nome africano de babalorixá) ou uma mãe-de-santo (ialorixá). Também são feitas oferendas e consultas espirituais através do jogo de búzios (um tipo de concha do mar que é usada como um oráculo para orientar e fazer previsões). Atualmente, os terreiros de candomblé mais puro estão na Bahia.


Com o tempo, essa religião africana praticada no Brasil foi adquirindo características próprias. O candomblé de caboclo, por exemplo, é um ritual que incorpora elementos da cultura caipira e dos índios.

A principal diferença entre os vários tipos de candomblé é a origem étnica. o Queto, da Bahia, o Xangô, de Pernambuco, o Batuque, do Rio Grande do Sul, e o Angola, da Bahia e São Paulo.

Vale também ressaltar que o candomblé não é umbanda. Ambas são religiões afro-brasileiras, porém a Umbanda faz uma mistura do candomblé com o espiritismo.


Umbanda


No início do século 20, algumas décadas depois da abolição da escravatura no Brasil, originou-se na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, um culto afro-brasileiro muito importante: a umbanda. Ela incorpora práticas do candomblé, do catolicismo e do espiritismo. É um culto mais brasileiro, mais simples e mais popular, até porque seu idioma é o português e não as línguas ou dialetos africanos. Mas a umbanda também sofreu perseguições. Muitos terreiros foram invadidos pela polícia e os rituais foram proibidos.



No entanto, com a Proclamação da República, a Igreja e o Estado se separaram. A partir daí, tornou-se um contra-senso a polícia discriminar uma religião. Além disso, com o movimento modernista e a valorização da cultura popular, as religiões afro-brasileiras tornaram-se objeto de interesse e estudo de intelectuais que saíram em sua defesa.



Desse modo, a umbanda deixou de ser perseguida e foi conquistando muitos seguidores. Para a umbanda, o universo está povoado de entidades espirituais que são chamadas guias e se comunicam através de uma pessoa iniciada, o médium. As guias se apresentam como pomba-gira, caboclo ou preto-velho. O caboclo é a representação do índio brasileiro e o preto-velho representa o negro no cativeiro. Existem muitas diferenças na maneira como a religião é praticada nos diversos templos e terreiros de umbanda e nas diversas regiões do Brasil.

Os deuses da umbanda são entidades agrupadas em hierarquia, que vão dos espíritos mais baixos (maus) aos mais evoluídos (bons). O culto ocorre através do desenvolvimento espiritual dos médiuns que, quando incorporam, dão passes e consultas.

Fontes:
http://educacao.uol.com.br/cultura-brasileira/ult1687u23.jhtm
http://super.abril.com.br/superarquivo/1995/conteudo_114499.shtml



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